“Aqueles que não querem tomar medidas ousadas para mudar políticas e leis e acabar com o estigma e a discriminação, em todas as suas formas, o que dizemos? Seja lider, siga ou saia do caminho!"
~ Diretor Executivo Adjunto do UNAIDS, Dr Shannon Hader
Sobre a religião: Falando para os participantes do Congresso Mundial da Associação Internacional de Direito Penal, o Papa condenou uma “cultura de rejeição e ódio”. Afirmou que às vezes se lembra de Hitler quando ouve determinadas autoridades governamentais falando com ódio. Observou que “a perseguição aos judeus, aos ciganos e às pessoas com tendências homossexuais” faz parte dessa cultura.
No Quênia, a evangelista e pastora Jacinta Nzilani Kilonzo deu entrevista para uma rádio na qual compartilhou sua história enquanto lésbica que tem “orgulho” de ser o que é. No eSwatini, o pastor gay assumido Fana Lukhele deu palestra na conferência de Minorias Sexuais e de Gênero do eSwatini e reafirmou que a "comunidade LGBTI é apropriada e boa na percepção do Senhor". Nos EUA, a Jurisdição Ocidental da Igreja Metodista Unida anunciou que é um “porto seguro” para o clero LGBTQ. Assim, não vai impedir que as pessoas LGBTQ sejam ordenadas e nem vai punir aqueles que celebrarem casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Isto representa um rompimento com a política oficial da Igreja Metodista Unida. Em fevereiro, a Igreja realizou uma conferência internacional especial para decidir como lidaria com questões LGBTQ. Em uma votação muito apertada, os participantes escolheram um “plano tradicional” que afirma que a “homossexualidade é incompatível cm os ensinamentos cristãos”. Em matéria para o Bitter Southerner, o jornalista Tom Lee descreveu sua experiência como metodista e defensor das questões LGBTQ no momento em que a Igreja está à beira de uma cisma.Medo e Ódio: No mês passado, o ministro da ética de Uganda, Simon Lokodo, afirmou que alguns parlamentares pretendem reapresentar o Projeto de Lei de Proibição da Homossexualidade de 2014—conhecido como o “Projeto de Lei de Morte aos Gays”. Contudo, outras autoridades governamentais negaram a veracidade da afirmação e a Ministra da Saúde, Dra. Ruth Aceng, fez pronunciamentos condenando a violação dos direitos humanos de qualquer pessoa em Uganda.
Apesar dessa afirmação, a polícia de Uganda confirmou que fez uma batida num bar frequentado por pessoas LGBT que promovia um evento envolvendo ações comunitárias de saúde e prendeu quase 130 pessoas. Algumas foram liberadas mais tarde, mas 67 aguardam julgamento sobre sua liberação mediante fiança. Em frente ao tribunal, o ativista Raymond Karuhanga observou que as prisões eram um “ataque homofóbico” que tinha a intenção de “nos silenciar enquanto comunidade”. O fato ocorreu logo após a prisão de 16 integrantes do grupo de apoio LGBT chamado Let’s Walk Uganda e após um aumento em atos violentos contra as pessoas LGBT. Quatro especialistas em HIV da Costa do Marfim, África do Sul, Zimbábue e Quênia divulgaram uma nota conjunta pedindo para o governo de Uganda parar de criminalizar a homossexualidade. Relembraram aos líderes que cientistas africanos já “desmentiram definitivamente que a homossexualidade seja antinatural em Uganda e que as pessoas possam ser recrutadas para se tornarem LGBT”. Alertaram ainda que as políticas contra as pessoas LGBT vêm na contramão do Plano Estratégico Nacional de HIV/Aids do país. Na Malásia, a polícia fez uma batida em uma residência particular e prendeu 11 homens por "tentativa" de relações sexuais homossexuais. Seis dos homens foram condenados a seis meses de prisão, seis chibatadas e multa de 4.800,00 ringgit (US$1.163,00). Os demais aguardam julgamento. A diretora executiva da Anistia Internacional na Malásia, Shamini Darshni Kaliemuthu comentou: “Na verdade, os crimes que estão sendo cometidos aqui são essas penas bárbaras contra pessoas LGBTI.” Em Myanmar, o Programa Dinamarca-Myanmar sobre Estado de Direito e Direitos Humanos lançou um novo relatório que destaca as violações recorrentes de direitos humanos contra pessoas LGBTIQ. O relatório explora como legislação desatualizada, atitudes discriminatórias por parte de operadores da segurança pública e o sistema penal contribuem para a injustiça sistêmica e para o sofrimento das pessoas LGBTIQ. Em Sinkor, na Libéria, uma multidão furiosa interrompeu um evento particular que suspeitava ser uma “festa LGBT” ou um “casamento gay”. O Journal Rage noticiou que uma festa de aniversário realizada em um prédio da organização sem fins lucrativos Population Services International (PSI) sofreu um ataque violento de uma turba e várias pessoas presentes na festa ficaram feridas. Na Eslovênia, a polícia confirmou que um grupo desconhecido atacou a bem frequentada boate LGBT Klub Tiffany. Os agressores destruíram o local e gritavam frases homofóbicas enquanto funcionários e clientes se trancaram dentro de uma área segura. A polícia afirmou que está tratando o caso como um crime de ódio. Na Rússia um canal no YouTube virou alvo de críticas e as autoridades instauraram uma investigação criminal por motivo de “agressão sexual” contra crianças. No vídeo em questão, crianças russas fazem perguntas para um gay sobre a vida dele. Faz parte de uma série em que crianças fazem perguntas espontâneas a pessoas com diferentes experiências de vida. O vídeo virou foco das atenções quando foi denunciado por violar a lei contra propaganda gay.Ventos de mudança: No mundo inteiro, o Dia da Lembrança Transgênero provocou reflexões. Criado em 1999, o dia é um momento para relembrar todas as pessoas que foram assassinadas devido à sua identidade de gênero. O projeto Trans Respect Versus Transphobia informou que entre 1º de outubro de 2018 e 20 de setembro de 2019 houveram pelo menos 331 assassinatos noticiados de pessoas trans e não binárias em todo o mundo.
O UNAIDS fez uma matéria sobre a TransWave Jamaica que visa promover a saúde e o bem-estar das pessoas trans no país. A equipe da TransWave discutiu sobre como continua agindo em prol da comunidade apesar do medo de reações negativas, estigma e discriminação. Renaè Green, diretora adjunta de políticas e advocacy, enfatizou a importância da visibilidade: “Durante muito tempo, as pessoas falavam que as pessoas trans não existiam na Jamaica porque não conheciam ou não conseguiam identificar alguém que fosse transgênero. Agora há muitas pessoas que se identificam.” No Brasil, o jornalista Kees Rottinghuis entrevistou pessoas trans que encontraram refúgio morando na Casa Nem—um prédio abandonado onde moram pessoas LGBT sem-teto e onde a única proteção que têm é a proteção mútua entre elas. Na África do Sul, Kim Harrisberg conversou com o SistaazHood—um grupo formado principalmente por profissionais do sexo transgênero sem-teto que se apoiam mutuamente para ter refúgio e segurança. O SistaazHood também já trabalhou junto com a polícia e outros grupos da sociedade civil para ajudar a criar guias para autoridades para suas interações com pessoas sem-teto e pessoas trans. Na Índia, o jornalista Atono Tsükrü Kense conversou com o Guardian Angel (Anjo da Guarda), um grupo de apoio para pessoas LGBT que moram no estado predominantemente rural de Nagaland. Embora o ambiente conservador tenha feito com que muitas vivam com medo, Kense observou que algumas sentiram alento devido às mudanças que estão ocorrendo em outras sociedades opressivas e têm esperança de que tais mudanças vão chegar até suas comunidades também. O autor e curador da Biblioteca Britânica, Steven Dryden, investigou a história das execuções de homens condenados segundo a Lei da Sodomia de 1533 do Reino Unido com base em três casos documentados. O autor Omar G. Encarnación investigou a tendência de pedidos oficiais de perdão e outras reparações feitas às pessoas LGBT pelos danos que sofreram na Espanha, no Reino Unido, nos EUA, no Canadá, na Holanda, na Bélgica e na Alemanha.